sexta-feira, 2 de julho de 2010

o amor é cego...


Conta-se que uma vez reuniram todos os sentimentos e qualidades do homem, em algum lugar da terra.
Quando o aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a loucura, como sempre tão louca, lhe propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A intriga levantou a sombrancelha intrigada, a curiosidade sem poder conter-se perguntou:
- Esconde-esconde, como é isso?
- É um jogo, explicou a loucura, um jogo em que eu fecho meus olhos conto até um milhão, enquanto vocês se escondem, quando eu terminar, eu começarei a procurá-los e o primeiro que eu encontrar ocupa o meu lugar no jogo.
O entusiasmo dançou, seguido pela euforia.
A alegria deu tantos saltos qua acabou convencendo a avidez e a apatia, que nunca se interessa por nada.
Mas nem todos participaram, a verdade preferiu não se esconder:
- Para quê se no final todos me descobrem? Pensou a verdade.
A sabedoria opinou que era um jogo muito tolo ( no fundo o que lhe incomodava era que a idéia não havia sido dela) e a covardia preferiu não arriscar.
- Um, dois, três... Começou a contar a loucura.
A primeira a se esconder foi a pressa que como sempre, caiu atrás da primeira pedra do caminho.
A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da mais alta árvore.
A generosidade quase não conseguiu se esconder, pois cada local que achava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos, ao contrário do egoísmo que encontrou um ótimo lugar só pra ele.
A mentira se escondeu no fundo do oceano (mentira! Foi atrás do arco-íris).
O esquecimento, não me recorda onde se escondeu...
Quando a loucura estava lá pelo 999.999, o amor ainda não haiva achado lugar pra se esconder, pois todos estavam ocupados. Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultar-se entre as rosas.
- Um milhão! Terminou de contar a loucura e começou a buscar. A primeira a ser escontrada foi a pressa, apenas á três passos de uma pedra;
Depois escutou a fé, discutindo com Deus sobre zoologia.
Em um descuido encontrou a inveja e , claro, pode deduzir onde estava o triunfo.
O egoísmo não precisou ser procurado, saiu correndo de seu esconderijo, que era um ninho de vespas.
A dúvida foi mais fácil ainda, encontrou-a sentada numa cerca, não sabia se decidir de que lado se esconder. E assim foi encontrando a todos.
O talento nas ervas frescas, a angústia em uma cova escura...
Apenas o amor não aparecia. Quando a loucura estava dando-se por vencida, encontrou um roseiral, pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, no mesmo instante ouviu-se um doloroso grito.
Os espinhos feriram o amor nos olhos.
A loucura não sabia o que fazer para se desculpar. Chorou, rezou, implorou e até prometeu ser seu guia.
Desde então o amor é cego
E a loucura sempre o acompanha...